Bioinsumos: como obter o melhor deles
- Insectum
- 20 de out. de 2022
- 3 min de leitura
Jéssica Martins

A agricultura no Brasil sofre constantes modificações, visto que a demanda por alimentos é sempre crescente, e associar altas produtividades a formas de cultivo sustentáveis é sempre um grande desafio. Além disso, buscando suprir as necessidades do comércio interno e internacional, os produtores são constantemente cobrados para atingirem o potencial produtivo e manter, simultaneamente, o equilíbrio ecológico dentro da lavoura. Pensando nisso, pesquisadores concentram esforços para conseguir suprir as necessidades das plantas e também controlar insetos e patógenos com alternativas menos agressivas ao meio ambiente, por meio dos bioinsumos.
Os bioinsumos podem ser descritos como ativos biológicos que podem atuar na fertilidade do solo, no controle de pragas e de doenças. Estes organismos são comumente encontrados nas formas de inseticidas microbiológicos, fungicidas, nematicidas e até mesmo feromônios, os quais controlam uma gama de outros organismos deletérios das mais variadas culturas. Estes insumos têm se tornado cada vez mais populares no país, tendo em vista, principalmente, as exigências mercadológicas que exigem que os fornecedores dos commodities agrícolas (i.e produtos primários com pouca industrialização) os comercializem sem residuais de agrotóxicos e derivados.
Considerando os pontos positivos da utilização de bioinsumos, podem se destacar, de maneira geral, o reduzido período de carência para comercialização após pulverização, o menor custo de aplicação e a maior seletividade a inimigos naturais quando comparada aos agrotóxicos. No entanto, estas características que garantem a maior seguridade de aplicação tem feito com que os produtores adotem medidas de multiplicação de bioinsumos dentro das fazendas, a conhecida produção on farm.
A popularização deste processo aumentou significativamente a disponibilidade e utilização de bioinsumos, fornecendo maior independência para o produtor. No entanto, em alguns locais, esta produção in loco não possui o controle dos parâmetros básicos exigidos para a produção industrial, principalmente no que se diz respeito ao controle de temperatura, umidade, pH e, em especial, no controle das espécies efetivamente produzidas nos sistemas. O que se observa em grande parte dos casos é o crescimento descontrolado de macro e microrganismos oportunistas, os quais acabam comprometendo a eficiência dos produtos, além de serem passíveis de causarem problemas à saúde humana e animal.
Diante do exposto, é de suma importância considerar os bioinsumos como uma ferramenta muito importante para o manejo da lavoura, no entanto, o cuidado com a aplicação, obtenção e cultivo destes precisa seguir normas como qualquer outro defensivo. Atualmente, é possível encontrar informações confiáveis sobre a utilização destes nas plataformas do Agrofit e, mais recentemente, na plataforma BioInsumos, específica para a procura de produtos biológicos. O uso consciente desta classe de produtos é essencial para alavancar a produtividade do pequeno, médio e grande produtor, e de acordo com as projeções mais otimistas, a possibilidade de substituição de agrotóxicos pelos bioinsumos nas próximas décadas é uma realidade, não só pelo o que diz respeito aos interesses comerciais obtidos pela valoração de produtos ecologicamente obtidos, mas também pela pressão seletiva causada pelos produtos químicos, que constantemente promovem a perda de tecnologias de controle pela resistência obtida pelos insetos e patógenos.
Desta forma, ampliar o uso e a popularização dos bioinsumos no país torna-se uma responsabilidade coletiva, que precisa estar alinhada com os vários setores produtivos, além da academia. Somente com a o seu uso consciente será possível ampliar as possibilidades de uso e também tornar esta tecnologia mais acessível a todos os interessados em dela fazerem uso.
Literatura recomendada:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0160791X21000555
Comments